A Origem do Escocesismo – Supremo Conselho Americano define sua versão - Oficina REAA

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A Origem do Escocesismo – Supremo Conselho Americano define sua versão
Ailton Branco
Foi impresso em Dublin, em 1808, um livro que tem por título: “Discurso do Ilustre Irmão Frederick Dalcho, Escudeiro, Doutor em medicina”.
Entre as notas que acompanham esse livro, está a circular do Supremo Conselho do Grau 33, estabelecido em Charlestown (Carolina do Sul), produzida pelos Irmãos Frederico Dalcho, Isaac Auld e Manoel de la Mota, aprovada pelo Grande Comendador John Mitchell e autenticada como verdadeira pelo Irmão Abraham Alexander, secretário do Sacro Império. A comunicação, com a data de 4 de dezembro de 1802, teve por objetivo traçar a história do Rito Escocês Antigo e Aceito, na ótica do Supremo Conselho, e a finalidade de se tornar um documento informativo a todas as autoridades maçônicas existentes sobre o globo. Desse documento circular destaco as passagens a seguir para que possam receber comentários e questionamentos.

Preâmbulo da Circular
Circular para os Dois Hemisférios”


UNIVERSI TERRARUM ORBIS ARCHITECTONIS AD GLORIAM INGENTIS”
Em todo o mundo à Glória do Grande Arquiteto
PER GLORIAM INGENTIS”
Uma enorme honra
DEUS MEUMQUE JUS”
Deus é meu direito
ORDO AB CHAO”
A Ordem Saída do Caos


“Do Oriente do Grande e Supremo Conselho dos Mui Poderosos Soberanos, Grandes Inspetores Gerais, sob a Abóbada Celeste do Zênite, situada a 32 graus 45 min. de L. N”.
“Aos nossos Ilustres, Mui Valorosos e Sublimes Príncipes do Real Segredo, Cavaleiros do Kadosh, Ilustres Príncipes e Cavaleiros, Grande Inefável e Sublime, Franco Maçons Aceitos de todos os Graus, Antigos e Modernos, espalhados sobre a superfície dos dois hemisférios”.
“A todos aqueles que receberem esta correspondência”,
“Saúde, Estabilidade e Poder”.
“Em uma reunião de Soberanos Grandes Inspetores Gerais em Supremo Conselho do 33o grau, devida e legalmente estabelecidos e congregados, realizada na Câmara do Grande Conselho, no 14o dia do 7o mês chamado Tisri de 5563, Anno Lucis de 5802 e 10o dia de outubro de 1802 da Era Cristã”;
“União, Contentamento e Sabedoria”.
“O Grande Comendador informou aos Inspetores que eles foram convocados a fim de levarem em consideração a oportunidade de dirigir às diferentes Grandes Lojas Simbólicas, às Grandes Lojas Sublimes e Conselhos espalhados pelos dois hemisférios, cartas circulares explicando a origem e a natureza dos Graus Sublimes da Maçonaria e seu estabelecimento na Carolina do Sul”:
“Quando uma proposição nesse sentido foi imediatamente adotada, e um comitê, composto pelos Ilustres Irmãos doutor Frederick Dalcho, doutor Isaac Auld, Emmanuel De La Motta, Escudeiro, Grandes Inspetores Gerais, foi nomeado para esboçar e submeter tal carta ao Conselho na sua próxima reunião”.
“Na reunião dos Soberanos Grandes Inspetores Gerais em Supremo Conselho do 33o, no 10o dia do 8o mês chamado Quisleu, 5563, ano da V. L. de 5806, no 4o dia de dezembro de 1802 da Era Cristã”.
“O Comitê acima referido resolve, respeitosamente, submetido ao Conselho, o seguinte”,  

Supremo Conselho imita Constituição de Anderson e remonta origem da maçonaria à Criação do Mundo

Circular:
“Traçar o curso da Maçonaria desde sua época mais longínqua e fixar, com precisão, as datas da constituição de cada um de seus graus, implica considerável dificuldade. Como Maçons Simbólicos, fazemos remontar nossa origem à Criação do Mundo, quando o Todo-Poderoso Construtor, o Grande Arquiteto do Universo, instaurou as leis imutáveis que deram origem às Ciências. Desejos e necessidades em comum impulsionaram nossos irmãos primordiais a procurar ajuda mútua. A diversidade de talentos, habilidades e perfis, tornou-os, em certa medida, dependentes uns dos outros e, assim, foi formada a sociedade. Em consequência natural, homens dos mesmos hábitos e disposições se associaram mais intimamente, o que deu origem a instituições conectadas com os seus objetivos e adequadas às suas capacidades; isso levou à exclusão daqueles cujos talentos, hábitos ou circunstâncias os desqualificava para participar do conhecimento dos demais, ou os tornava perigosos ou inaproveitáveis para a prosperidade de seus interesses gerais”.


Circular faz referência indireta à influência das Cruzadas na maçonaria

Circular:
“À medida que a sociedade melhorou, e conforme foram feitas descobertas de registros antigos, o número de nossos Graus foi ampliado, até que, no decorrer do tempo, o sistema tornou-se completo. De acordo com os nossos registros que são autênticos, somos informados do estabelecimento dos Graus Sublimes e Inefáveis da Maçonaria na Escócia, França e Prússia, imediatamente após a primeira Cruzada. Mas, por algumas circunstâncias que nos são desconhecidas, após o ano de 1658 eles caíram no esquecimento até o ano de 1744. Nesse ano, um nobre escocês visitou a França e restabeleceu a Loja de Perfeição, em Bordéus”.
“É bem sabido que cerca de 27.000 maçons acompanharam os Príncipes Cristãos nas Cruzadas, para recuperar a Terra Santa das mãos dos infiéis. Enquanto estavam na Palestina, descobriram vários manuscritos maçônicos importantes entre os descendentes dos Antigos judeus, que enriqueceram nossos arquivos com registros escritos autênticos, e com base nos quais alguns dos nossos graus são fundados”.


Supremo Conselho também escolheu um rei como sua maior liderança para se nivelar à Grande Loja da Inglaterra

Circular:
“Em 1761, as Lojas e os Conselhos dos Graus Superiores, estando presentes em todo o continente europeu, reconheceram Sua Majestade, o rei da Prússia, que já era Grande Comendador do Grau de Príncipe do Real Segredo, como chefe dos Sublimes e Inefáveis Graus da maçonaria em ambos os hemisférios. Sua Alteza Real, Carlos, Príncipe Herdeiro dos suecos, dos godos e vândalos, duque de Sudermania, foi e continua sendo, Grande Comendador e protetor dos Sublimes Maçons na Suecia e Sua Alteza Real, Luis de Bourbon, Príncipe de sangue, o duque de Chartres, e o cardeal príncipe de Rohan, bispo de Estrasburgo, colocaram-se à frente desses Graus na França”.
“Em 25 de outubro de 1762, as Constituições Maçônicas foram ratificadas em Berlim e foram expedidas para que servissem de governo de todas as Lojas dos Sublimes e Perfeitos Maçons, Capítulos, Colégios e Consistório da Arte Real em toda a superfície de ambos os hemisférios. Há Constituições secretas desde tempos imemoriais e são aludidas nesses instrumentos”.


Circular refere substituto do rei da Prússia mas não especifica processo de nomeação

Circular:
“No mesmo ano, as Constituições foram comunicadas ao ilustre Irmão Stephen Morin que havia sido nomeado em 27 de agosto de 1761, Inspetor Geral de todas as Lojas do Novo Mundo pelo Grande Consistório de Príncipes do Real Segredo, convocado em Paris e ao qual presidiu, como representante do rei da Prússia, Chaillon de Jonville, substituto geral da Ordem, Venerável da primeira Loja da França, chamada Saint Antoine, chefe dos Graus Eminentes”.
“Quando o Irmão Morin chegou a Santo Domingo, nomeou, com a autoridade da sua patente, o Irmão M.M. Hayes, Deputado Inspetor Geral para a América do Norte, com o poder de nomear outros Deputados. O Irmão Morin nomeou o Irmão Franklin, Deputado Inspetor Geral para a Jamaica e ilhas inglesas de Sotavento, e o Irmão coronel Provost para as Ilhas de Barlavento e para o Exército Britânico. O Irmão Hayes nomeou Deputado Grande Inspetor Geral para o Estado da Carolina do Sul, o Irmão Isaac da Costa, o qual, estabeleceu a Sublime Grande Loja de Perfeição em Charlestown”.


Segundo as Constituições da Ordem, decretadas em 25 de outubro de 1762, o rei da Prússia foi proclamado chefe dos Altos Graus com a dignidade de Grande Inspetor Geral e Grande Comendador. Os altos Conselhos e Capítulos não podiam ser abertos senão na sua presença ou de um seu substituto nomeado por ele. Todas as transações e atos do Consistório dos Príncipes do Real Segredo necessitavam da sua sanção, ou de seu vice, para a sua legalidade, sem contar outras prerrogativas inerentes à sua posição maçônica. Contudo, não foi incluída nas Constituições, disposição normativa quanto à nomeação do sucessor do Grande Comendador. Sendo essa uma dignidade da maior importância, era necessária uma precaução para prevenir que se apresentasse uma pessoa que não fosse digna de tão elevado cargo. Consciente disso, ainda conforme a circular do Supremo Conselho, o rei estabeleceu o Grau 33°. Nove Irmãos de cada nação formaram o Supremo Conselho dos Grandes Inspetores Gerais. Depois da morte do monarca, o Supremo Conselho assumiu todas as prerrogativas e todos os poderes maçônicos, constituindo-se no corpo executivo da sociedade e sua aprovação era indispensável para que todos os atos do Consistório tivessem força de lei. Suas decisões eram inapeláveis.

A decisão de criar o Grau 33°, sob a alegação da necessidade de solucionar a precaução com o eventual substituto do Supremo Comendador, não explica porque foram acrescentados sete Graus no total de Graus do Rito de Perfeição, que tinha 25 Graus. O Rito de Perfeição fora apresentado como o precursor do Rito que estava sendo adotado pelo Supremo Conselho dos Soberanos Grandes Inspetores Gerais. Os dois fundadores do Supremo Conselho criado em 1801, nos Estados Unidos, pelo silêncio solidário entre ambos sobre a mudança de 25 Graus para 33, oferecem o direito de se deduzir que tinham previamente a intenção de ampliar o número de Graus que constituiriam o novo Rito maçônico, o Rito Escocês Antigo e Aceito - a ser lançado pela nova Potência, em substituição ao antigo Rito de Perfeição.

A motivação principal para o inglês Dalcho e o irlandês Mitchel, apoiados por Alexandre François de Grasse Tilly e seu sogro Jean Baptiste Delahogue, James Moultrie, Isac Auld, Abrahan Alexander, Thomas Bartolomew Bowen, Moses Clava Levy, Emmanuel de la Motta e Israel Belieben, ampliarem os Graus Sublimes disponíveis no ritual escocês para os maçons interessados, foi poder político e financeiro. A obtenção de títulos e honrarias fazia parte da cultura maçônica desde a chegada na França, em 1688, do rei Jaime II da Inglaterra e Irlanda, que se refugiou no país depois de deposto do trono inglês.

Os refugiados da comitiva do rei Jaime Stuart se serviram das Lojas maçônicas para colocarem em prática seus objetivos políticos que visavam recuperar o trono da Inglaterra para a casa dos Stuart. A primeira atitude foi interferir no conteúdo e nas cerimônias dos Graus 1, 2 e 3, fazendo constar a analogia do assassinato de Hiram Abi com o trágico fim de Carlos I. Os maus companheiros representaram Cromwel e os parlamentares ingleses.

Na França, foram iniciadas algumas pessoas de elevada posição social e política que aderiram à causa, cujo crédito quiseram utilizar para influenciar o governo de Luis XIV a fazer intervenção armada em favor da dinastia stuartista. A simpatia adesista despertada nessas pessoas iniciadas foi construída através da divulgação de segredos referentes à atividade política e religiosa dos Stuarts. A primeira atitude, como disse, foi enriquecer os Graus iniciais com histórias e segredos. Diante do sucesso alcançado, a segunda atitude foi aumentar o números de Graus. O primeiro, foi o Grau de Mestre Irlandês, o segundo, o Perfeito Mestre Irlandês, o terceiro, o Muito Alto Mestre Irlandês. Seguiram-se vários outros. Os adeptos se convenceram que quanto mais Graus obtinham, mais se distinguiam da multidão. Todos os Graus eram conferidos mediante pagamento em moeda. Muitos dos emigrados da Inglaterra se encontravam com falta de recursos e os Graus foram usados como meios de sobrevivência. Os Graus irlandeses foram sendo substituídos pelos Graus propostos pelo Cavaleiro Ramsay, nascido na Escócia, onde não conseguiu êxito para a sua campanha de reforma da maçonaria com a substituição dos três Graus praticados pelos Graus de Escocês, de Noviço e de Cavaleiro do Templo, que ele afirmava serem os únicos verdadeiros, mais antigos e que tinham, desde tempo imemorial seu centro administrativo na Loja de Santo André de Edimburgo. Na França a proposta de Ramsay teve êxito prodigioso. Foram acrescentados como Altos Graus da maçonaria convencional. Essa é a origem dos Graus Escoceses, cujas iniciações depois se multiplicaram. Em 1747, Carlos Eduardo Stuart criou o primeiro centro administrativo dos Altos Graus, estabelecendo, por bula expedida, o Soberano Capítulo Primordial de Rosa-cruz Jacobita de Arras e designou para a regência e administração, os Cavaleiros Lagneau e Robespierre (pai do famoso convencional), ambos, advogados; Nazard e seus dois filhos médicos; J. B. Lucet, mestre tapeceiro e Genonimo Cellier, mestre relojoeiro. Tinham autorização para fazerem Cavaleiros Rosa-cruz e criarem outros Capítulos Jacobitas. O documento para a criação do Capítulo Escocês Jacobita foi expedido com a intenção de manifestar seu agradecimento aos maçons de Artois e aos Oficiais da Guarnição de Arras pelas provas de fidelidade e dedicação durante os seis meses de exílio que permaneceu nessa cidade. Os maçons franceses desembolsavam o que era estipulado pelos Capítulos para ostentarem uma dignidade da Ordem de Cavalaria Rosa-cruz ou Templária.

Essa experiência de receptividade dos Altos Graus na maçonaria francesa, despertou a atenção dos fundadores do Supremo Conselho de Carolina do Sul, nos Estados Unidos. Grasse Tilly, anos antes, já alimentava o desejo de aumentar o número dos 25 Graus do Rito de Heredon. Em 1793, Grasse Tilly e seu sogro Delahogue, mudaram-se para Charlestown, onde fundaram a “Loja La Candeur”. Lá existiam outras 11 Lojas filiadas à Grande Loja da Carolina do Sul. Nesse período, trabalharam organizando as bases do escocesismo em território norte-americano.

Em 1802, os nomes dos Grau maçônicos são os seguintes;

Circular:

1º Grau chamado de Aprendiz Iniciado.
2. Companheiro
3. Mestre Maçom
4. Mestre Secreto
5. Mestre Perfeito
6. Secretário íntimo
7. Preboste e juiz
8. Intendente dos Edifícios
9. Cavaleiro Eleito dos 9
10. Ilustre Eleito dos 15
11. Sublime Cavaleiro Eleito
12. Grande Mestre Arquiteto
13. Arco Real
14. Perfeição
15. Cavaleiros do Oriente
16. Príncipe de Jerusalém
17. Cavaleiro do Oriente e do Ocidente
18. Soberano Príncipe de Rosa Cruz de Heroden
19. Grande Pontífice
20. Grão-Mestre de Todas as Lojas Simbólicas
21. Patriarca Noaquita ou Cavaleiro Prussiano
22. Príncipe do Líbano
23. Chefe do Tabernáculo
24. Príncipe do Tabernáculo
25. Príncipe das Mercês
26. Cavaleiro da Serpente de Bronze
27. Comendador do Templo
28. Cavaleiro do Sol
29. K-H*
30, 31,32 Príncipe do Real Segredo, Príncipe dos Maçons
33. Soberanos Grandes Inspetores Gerais

Nota do autor: (*abreviatura de Kadosh)

Mais circular:

“Os Sublimes Graus foram, em 1802, os mesmos do tempo da primeira formação e neles nada foi acrescentado e nem alterado. Permaneceram os mesmos princípios e as mesmas cerimônias conforme atestam documentos consultados na época.
O Capítulo do Real Arco, que trabalhava em Charlestown, em virtude de uma Constituição de Dublin, reuniu-se em 20 de fevereiro de 1788, na Grande Loja de Perfeição estabelecida na mesma cidade. Seus membros foram iniciados nos Graus dessa Grande Loja e reconhecidos até o Grau treze. As Grandes Lojas de Perfeição, propriamente ditas, conferiam os Graus do 4° ao 14°, inclusive. Os Graus 15° e 16° eram dados pelos Conselhos de Príncipes de Jerusalém. As séries dos Graus superiores a partir desses e até o 25° pertenciam aos Consistórios de Príncipes do Real Segredo.
No mesmo dia 20 de fevereiro, foi criado em Charlestown, o Grande Conselho dos Príncipes de Jerusalém, com a presença e a ajuda dos Irmãos S. Myers, Deputado Inspetor Geral da Carolina do Sul, B. M. Spitzer, Deputado Inspetor Geral da Geórgia e A. Trost, Deputado Inspetor Geral da Virgínia. A 2 de agosto de 1795, o Irmão coronel John Mitchel foi nomeado Deputado Inspetor Geral para o Estado da Carolina do Sul, pelo Irmão Spitzer, pelo fato do Irmão Myers ter se ausentado do país.”

Criação do Supremo Conselho do Grau 33, a partir do Rito de Perfeição com 25 Graus. A Circular não revela quando e onde ocorreu o acréscimo de Graus.

Circular:

“Em 31 de maio de 1801, o Supremo Conselho do Grau 33°, dos Estados Unidos da América, foi aberto em Charlestown pelos Irmãos John Mitchel e Frederico Dalcho, Soberanos Grandes Inspetores Gerais. Em 1802, foi completada a totalidade dos Inspetores Gerais, conforme a exigência das Grandes Constituições.
Em 21 de janeiro de 1802, foram expedidas patentes, com o selo do Grande Conselho dos Príncipes de Jerusalém, para o estabelecimento de uma Loja de Maçons de Marca em Charlestown.

Em 21 de fevereiro de 1802, o Irmão conde Alexandre Francisco Augusto de Grasse, Deputado Inspetor Geral, foi nomeado pelo Supremo Conselho, Grande Inspetor Geral e Grande Comendador nas Ilhas Francesas e o Irmão João Batista Maria de Hoque, Deputado Inspetor Geral, foi igualmente recebido como Inspetor Geral e nomeado vice Grande Comendador para as Ilhas Francesas.
Em 4 de dezembro de 1802, foram expedidas patentes, com o selo do Grande Conselho dos Príncipes de Jerusalém, para o estabelecimento de uma Sublime Grande Loja em Javannah, na Geórgia”. ...

Segue a Circular com mais informações. Interessados em conhecer a íntegra do documento original do Supremo Conselho, acessar:

http://www.clansinclairsc.org/burbidge%20dalcho%20circular%202%20hemis.htm

O historiador e enciclopedista F. T. B. Clavel, (François-Timoléon Bègue Clavel), em sua obra “Historia Pintoresca De La Franc-Masoneria Y De Las Sociedades Secretas Antiguas Y Modernas”, refuta as principais afirmações, aqui reproduzidas, do Relatório que consta da carta circular do Supremo Conselho, explicando a origem e a natureza dos Graus Sublimes da Maçonaria e seu estabelecimento na Carolina do Sul.  

Clavel argumenta contra o entendimento do Supremo Conselho a respeito do papel de Frederico, o Grande, na maçonaria. O Supremo Conselho divulga que ele fora chefe do Rito de Perfeição na Prússia, que ele instituiu o Grau Trinta e Três, que redigiu as Constituições de 1786. Clavel afirma que é falsa a informação de que o Irmão Chaillon de Jomville, substituto do Grão-Mestre da Grande Loja da França, o conde de Clermont, tenha sido representante do rei da Prússia no Conselho dos Imperadores do Oriente e do Ocidente e chefe da Ordem do Rito de Perfeição em Paris. Clavel também desmente que o duque de Sudermania tenha sido Grão-Mestre desse Rito na Suécia, porque assegura que o Rito não foi introduzido no país e que não se pode confundir com o Rito Sueco que constitui um sistema a parte.

Outros trechos da carta circular são contestados por Clavel. Escreve ele em seu livro “Historia Pintoresca de la Franc-Masoneria y....), de 1860:
Diz o documento que em 1744, um nobre escocês visitou a França e restabeleceu a Loja de Perfeição em Bordéus. Não se pode acreditar que se tivesse escolhido justamente um escocês para visitar a França numa época em que o exército francês, a todo o instante, se defrontava com o da Inglaterra e que o tal escocês correria o perigo de ser considerado espião e preso. E mais, o Rito de Perfeição, origem do Rito Escocês Antigo e Aceito, jamais existiu em Bordéus, antes de 1789. Desafiamos o Supremo Conselho de França, o Grande Oriente e a maçonaria de Bordéus a provar o contrário, sem esquecer neste repto a Loja de Bordéus, a Inglesa número 204 que conservou, desde 1732 até nossos dias, um exemplar completo das atas das suas sessões onde está contada a história maçônica da cidade. Pode ser argumentado que as Grandes Constituições de 1762 foram aprovadas no Grau de Consistório dos Príncipes do Real Segredo, que essa perdurou como uma verdade incontestável por mais de quarenta anos e que nem em Bordéus e nem em outra parte permaneceu qualquer dúvida sobre isso. Pergunto, então, de onde procede a afirmativa, segundo a relação enviada ao Supremo Conselho de Charlestown, que assegura que as Grandes Constituições de 1762 foram sancionadas não em Bordéus e sim em Berlim? Em quem devemos acreditar? Em quem imaginou a lenda ou naqueles que a tem repetido, modificando-a? O mais que se poderá dizer é que esta contradição provem do descuido de um copista. Temos diante dos olhos uma cópia, com data de 1804, das Grandes Constituições de 1762. O nome da cidade onde foram aprovadas essas Constituições não é mostrado no documento, mas apenas indicado com a letra B, seguida de três pontos. Um copista posterior, por sua vontade, completou a palavra, escrevendo Bordéus, em vez de fazer constar Berlim. Agui, surge o erro geográfico que apontamos. Erro que o mesmo Supremo Conselho de França propagou, consignando-o em suas atas. É, pois, precipitado, deduzir a certeza de ocorrência de um fato pela adesão tácita à sua veracidade, que o tempo possa sancionar e que um erro tão crasso chegue a transformar-se numa verdade histórica.

O relato do Supremo Conselho de Charlestown supõe que os Graus do escocesismo foram aumentados até o 33° por Frederico, o Grande, e que esta modificação do sistema primitivo do Rito de Perfeição se realizou em Berlim. E por qual meio foi introduzida esta reforma na América? Isso é o que não nos dizem os autores do Relatório nas Cartas circulares. O judeu Stephen Morin introduziu em Santo Domingo o Rito de Perfeição com vinte e cinco Graus. De lá se propagou, por meio de seus agentes ou Deputados nos Estados Unidos e nas ilhas inglesas. Este mesmo Rito foi estabelecido na Carolina do Sul, na Pensilvânia, na Geórgia, na Virgínia, etc. E em todas essas emigrações, nem o sistema, nem a hierarquia sofreram a menor mudança. De repente, em 1801, a cena muda, o número de Graus aumenta, aparece um novo sistema sem que outro Stephen Morin, chegado da Prússia ou de outro lugar, se apresente para autorizar essa renovação maçônica. Nada mais fácil que no momento em que falsamente se atribuiu a Frederick II a criação do Grau 33° e a redação das Grandes Constituições de 1786, se apresentasse algum embaixador póstumo do rei, desembarcando em Charlestown expressamente para mudar a Constituição do escocesismo e acrescentar novos raios de claridade na luminosa torrente que já inundava com seu esplendor esses sublimes e inefáveis maçons. Devemos acreditar que essa ideia, tão singela, a de creditar a Frederick o aumento dos Graus, ou não se apresentou na imaginação dos inventores do Supremo Conselho de Charlestown, ou na suposição de imaginá-la, julgando estar diante de pessoas cuja credulidade estava suficientemente provada, não entenderam necessário recorrer ao expediente de mentir a respeito da autoria da mudança”.

Não é menos arriscada outra afirmação no relato. Seus redatores partem do princípio que “os sublimes graus são os mesmos que existiam nos tempos da sua primeira formação, que nada foi acrescentado ou alterado”. Para convencer-se da total falsidade desta suposição, basta comparar a série dos vinte e cinco graus do rito de perfeição com a dos trinta e três graus do rito escocês antigo e aceito. Neste, a ordem dos graus de Preboste e Juiz e de Intendente dos Edifícios está alterada e invertida; o Sublime Cavaleiro Eleito substitui o Ilustre Chefe das Doze Tribos; o grau de Grão-Mestre de Todas as Lojas Simbólicas substitui o Grande Patriarca; o Cavaleiro Prussiano substitui o Grande Mestre da Chave e o Chefe do Tabernáculo, o Príncipe do Tabernáculo, o Príncipe das Mercês, O Cavaleiro da Serpente de Bronze e o Comendador do Templo estão intercalados e fora do seu lugar natural”.

Essas são verdadeiras alterações e acréscimos. O que devemos pensar, então, sobre a verdade dos autores da circular? Não devemos concluir que se condenam a si mesmos como falsários em todos os demais pontos, quando neste os pegamos em flagrante mentira?”

Nota – A série dos graus professados pelo Supremo Conselho de França difere essencialmente da do Supremo Conselho de Charlestown. A ordem dos graus de Cavaleiro da Serpente de Bronze e de Príncipe das Mercês está alterada. No lugar do Cavaleiro Kadosh se encontra o Escocês de Santo André; o grau de Kadosh é o 30° da série, enquanto que na hierarquia americana tem o número 29. Nesta hierarquia, o Príncipe do Real Segredo forma os graus 30°, 31° e 32° e não existe o grau Inquisidor Comendador, grau 31° da hierarquia do escocesismo francês.”  
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